COMO UMA PESSOA SURDA PERCEBE O MUNDO
"VENDO" SONS
Mas como eu poderia integrar o som em meu projeto de pesquisa se o objetivo era acessibilidade cultural com pessoas surdas? Procurei no primeiro momento me posicionar no lugar do outro e perceber como era e se mesmo existia a percepção do som para os surdos, uma vez que sou ouvinte. Acreditava que o som não existia para elas, mas na verdade, o som não deixa de existir só por não ser audível e percebido por alguém, ele está lá. Então, a não percepção desse som acaba por aguçar outra forma de percepção do ambiente e do meio, transposto pela vibração e mesmo pela visualidade das coisas que passam a ter mais importância a partir de uma maior sensibilidade da pessoa surda em relação ao visual.
Sai pela cidade procurando "ignorar" todos os ruídos e informações sonoras. Filmava pensando no que se destacava visualmente caso eu não percebesse o som. Busquei o movimento do vento, dos carros, a luminosidade e alertas visuais. Fui registrando as imagens no formato de vídeo. Aproveitei para registrar pessoas surdas sinalizando na escola que trabalho, que é para pessoas surdas. A forma que comecei a ver as coisas ao imaginar a ausência do som mudou. A forma de entender o mundo, comunicar e existir passou a ser mais visual, detalhes que passariam desapercebidos começam a ter mais destaque.
